Vídeo: Atentados de 11 de Setembro: a tragédia que mudou os rumos do século 21

BBC News Brasil


Poucos acontecimentos ganham lugar na história com o nome de sua data. Sem necessidade de dizer o que ocorreu naquele dia, o marco no calendário sugere uma nova realidade — por isso, muitos acontecimentos conhecidos dessa forma são marcos nacionais, como "o 4 de Julho" (independência dos EUA), "o 14 de Julho" (queda da Bastilha na França) ou, no Brasil, "o 7 de Setembro".

No século 21, um acontecimento é universalmente conhecido por sua data: o 11 de Setembro.

O nome refere-se ao dia 11 de setembro de 2001, quando os Estados Unidos sofreram o maior ataque a seu território desde o bombardeio japonês à base de Pearl Harbor (no Havaí, em 1941).

Na manhã daquela terça-feira de setembro, no primeiro ano do século 21, quatro aviões comerciais americanos foram sequestrados na costa leste do país.

Dois deles foram lançados contra as torres gêmeas do World Trade Center (WTC), na ilha de Manhattan, em Nova York, um chocou-se com o Pentágono (sede do Departamento de Defesa dos EUA, em Washington D.C.), e outro caiu numa área desabitada no Estado da Pensilvânia.

Ao todo, 2.977 pessoas foram mortas nos ataques, além dos 19 sequestradores dos aviões.

O 11 de Setembro é considerado o ataque com o maior número de mortos da história. Além disso, foi uma tragédia que mudou, em vários aspectos, os rumos do mundo.

 

Os ataques

Os atentados começaram às 08h46, horário local, quando o primeiro avião — um Boeing 767 fazendo o voo 11, de Boston em direção a Los Angeles — atingiu a torre Norte do World Trade Center.

O complexo empresarial era então composto por sete construções, incluindo duas torres de 417 e 415 metros, os edifícios mais altos do mundo na época de sua inauguração, em 1973.

O incidente rapidamente ocupou as transmissões ao vivo de canais de TV mundo afora, que reproduziam imagens vindas de Nova York mostrando uma densa e escura fumaça saindo das laterais da torre Norte.

Apresentadores de TV e repórteres conversavam com testemunhas e especulavam sobre que tipo de aeronave teria se chocado com um dos prédios do World Trade Center. Àquela altura, a maioria acreditava que se tratava de um acidente.

Durante a transmissão, às 09h03, 17 minutos depois do primeiro ataque, um segundo Boeing 767 — o voo 175, que também saíra de Boston com destino a Los Angeles — chocou-se contra a torre Sul, numa cena vista ao vivo por milhões de pessoas ao redor do mundo.

As suspeitas de um ataque se confirmaram e o caos aumentou em Nova York com a população tentando deixar a todo custo a área do centro financeiro da ilha de Manhattan.

Às 09h37, o terceiro avião, um Boeing 757 fazendo o voo 77, de Washington a Los Angeles, atingiu uma das laterais do Pentágono.

Sobre o quarto avião, um Boeing 757 que saíra de Newark (Nova Jersey) com destino a San Francisco no voo 93 e caiu na Pensilvânia às 10h03, as investigações inicialmente sugeriam que ele provavelmente se dirigia para a Casa Branca, residência oficial do presidente americano, em Washington D.C.

 Local onde ficavam as torres do World Trade Center ficou devastado - Foto: Reprodução/Facebook United States Secret Service

Posteriores relatos fornecidos por integrantes do grupo islamista radical Al-Qaeda, no entanto, indicaram que o alvo seria o Capitólio, a sede do Congresso, também em Washington.

A aeronave chocou-se com o solo depois que passageiros lutaram com os sequestradores dentro da cabine.

Colapso

Em Nova York, a torre Sul do WTC, atingida pelo segundo avião, desabou às 09h59, causando pânico generalizado em Manhattan, onde pessoas corriam na tentativa de fugir da fumaça que tomava as ruas.

Cerca de meia hora depois, às 10h28, desabou a torre Norte, a primeira a ser atacada.

Ambas foram destruídas pelo fogo provocado pelos combustíveis das aeronaves, que estavam com seus tanques cheios, tendo sido sequestradas logo depois da decolagem.

No final da tarde, outro prédio do complexo World Trade Center, o 7 WTC, desabou, depois de sua estrutura ter sido abalada pela destruição das torres gêmeas. Envolvidos em tentativas de resgates daqueles que estavam nas torres, 345 integrantes do Corpo de Bombeiros de Nova York morreram com a queda dos edifícios.

 Ambas foram destruídas pelo fogo provocado pelos combustíveis das aeronaves - Foto: Reprodução/Facebook United States Secret Service

As vítimas

Entre as vítimas, havia centenas de estrangeiros, número que nunca foi determinado com precisão, já que muitos tinham dupla nacionalidade — eram tanto americanos como cidadãos de outros países.

Em cerimônias oficiais, como a que lembrou o quinto aniversário do 11 de Setembro, em 2006, foi feita referência a "mais de 90 nacionalidades" representadas entre os 2.977 mortos.

Três deles eram brasileiros: Anne Marie Sallerin Ferreira, de 29 anos, Sandra Fajardo Smith, de 37, e Ivan Kyrillos Fairbanks Barbosa, de 30.

Vários brasileiros que trabalhavam nas torres gêmeas sobreviveram.

Um deles, André Kamikawa, estava no 25º andar da Torre Norte, a primeira a ser atingida.

Em entrevista à “BBC News Brasil”, dias após os ataques, Kamikawa falou sobre os momentos após o impacto.

"Ouvimos um estrondo e sentimos um tremor, um movimento muito forte do prédio indo para trás e depois voltando."

Pela janela, ele viu destroços caindo. Em seguida, juntamente com colegas, dirigiu-se às escadas, por onde saiu da torre.

Outro brasileiro, Larry Pinto de Faria Júnior, trabalhava no mesmo andar que Kamikawa e também deixou o edifício pelas escadas.

Em 2011, dez anos depois dos ataques, ele disse à “BBC News Brasil” que sentiu realmente medo depois que a Torre Sul, a primeira a ser destruída, desabou, próximo a onde ele estava.

"Caiu do meu lado. Aí começou aquela poeira, todo mundo começou a correr. Corri como um louco."

Além dos mortos nos atentados, o 11 de Setembro faria centenas de milhares de outras vítimas.

Os esforços de ajuda e resgate em Nova York contaram com a participação de cerca de 80 mil pessoas, entre bombeiros, policiais, profissionais de saúde e outros.

Todos eles e outras milhares de pessoas presentes nas imediações foram atingidas pela fumaça tóxica gerada pelos atentados — particularmente pelo desabamento das duas torres gêmeas do WTC.

Os ataques e as horas seguintes expuseram os presentes a diversos materiais tóxicos e até mesmo cancerígenos, como chumbo e amianto.

Anos depois, o Centro de Prevenção e Controle de Doenças (CDC) dos Estados Unidos estimou que cerca de 400 mil pessoas haviam sido feridas ou expostas a materiais tóxicos no 11 de Setembro.

Até o final de 2018, mais de 2 mil pessoas morreram de doenças associadas à exposição a materiais perigosos naquele dia, particularmente de câncer.

Até 2019, 241 integrantes do departamento de polícia de Nova York, o NYPD, haviam morrido de doenças relacionadas a seu trabalho durante o 11 de Setembro.

O número é dez vezes maior do que o total de policiais da cidade mortos naquele dia, quando 23 perderam suas vidas.

Fora dos locais atingidos pelos atentados, o restante do dia 11 de setembro de 2001 foi marcado também pelo caos no transporte aéreo americano.

Cinco minutos depois do ataque ao Pentágono, às 09h42, a FAA (Federal Aviation Administration, agência de aviação federal do país) ordenou que todos os aviões comerciais nos Estados Unidos aterrissassem imediatamente, na pista mais próxima — medida também adotada pelo Canadá. Mais de 4 mil aeronaves aterrissaram.

Os voos comerciais permaneceram suspensos no país por três dias. Os ataques também praticamente paralisaram a vida dos americanos, com monumentos, atrações turísticas e sistemas de transportes fechados, e o país em alerta máximo.

Quando os voos foram retomados, a preocupação com a segurança foi extrema e acabou provocando a introdução de normas extras de segurança que até então não existiam e muitas estão mantidas até hoje, em aeroportos do mundo todo. Entre elas, estão a proibição de entrada com líquidos na bagagem de mão — podem conter algum tipo de explosivo — e a necessidade de passageiros separarem objetos pessoais, como cintos e sapatos, na passagem por equipamentos de raio-X no aeroporto, antes do embarque.

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